O termo empregabilidade ganhou notoriedade no início da década de 1990. Mais ou menos nessa época, o Brasil começava a experimentar uma mudança significativa nas relações de trabalho. Empresas começaram a terceirizar suas atividades (inicialmente só aquilo que não era "core business"), e seguiram por esse caminho, de forma definitiva, buscando reduzir cada vez mais os seus quadros de funcionários efetivos, a fim de reduzir também os encargos trabalhistas que eles acarretavam.
Esse modelo de trabalho parece que veio para ficar. Mais de três décadas depois, ainda vivemos essa realidade em que empresas contratam outras empresas menores (ou profissionais autônomos) para prestar-lhes serviços específicos, por tempo determinado, conforme a demanda exige, transformando o que antes eram custos fixos, em custos variáveis. Isso tornou a atividade econômica mais lucrativa e parece ser um caminho sem volta.
Foi necessário adaptar-se a essa nova realidade, encaixar-se nesse novo cenário de trabalho, em que a competência e a competição (pela melhor oferta de serviços ao menor preço) acaba definindo quem encontra ou não lugar no mercado de trabalho. Não bastava mais conseguir um bom emprego, numa grande empresa e cuidar para mantê-lo pelo resto da vida, apenas cumprindo seu horário de expediente, obedecendo as ordens superiores e não faltando ao trabalho.
Nos dias atuais, mesmo quem tem um emprego "de carreira" (como se dizia antigamente) na iniciativa privada, não tem mais a segurança de que o manterá por muito tempo. Fusões, aquisições e a implacável globalização da economia estão transformando constantemente a estrutura e as estratégias de negócio. De uma hora prá outra, as suas habilidades (antes tão valorizadas) podem não impressionar mais o novo CEO que está assumindo as operações da empresa onde você trabalha.
Passamos da era industrial à era da informação, em que não se privilegia mais aquilo que é apenas igual, mediano, dentro do padrão normal, mas busca-se algo melhor, inovador, criativo. Antes se buscava alguém que pudesse enquadrar-se nos padrões que a indústria desejava para alinhar os processos produtivos, que eram altamente padronizados. Hoje todos já estão dentro dos padrões. Busca-se, agora, quem esteja acima deles, que exceda àquilo que é apenas “esperado” de um bom profissional, que surpreenda, que modifique o seu meio, que agregue valor ao negócio.
O profissional que tem a preferência do empregador, nos dias atuais, é aquele que tem resiliência, consegue adaptar-se às mudanças constantes, tem aptidão para resolver problemas e enfrentar desafios, que busca inovar sempre e apresenta soluções ao invés de apenas apontar falhas. Somente com esse perfil o profissional será capaz de sobreviver no atual mercado de trabalho.
Nesse contexto, a palavra empregabilidade descreve a capacidade que um profissional possui para conseguir uma nova colocação sempre que ficar desempregado, encerrar um projeto ou decidir mudar de emprego, já que a permanência no posto de trabalho atual não é mais garantida. É o conjunto de habilidades, as diversas especializações que ele possui (também chamada de "expertise"), sempre aliada a uma diversificada experiência profissional, de preferência em várias empresas do setor em que atua.
Nesse ambiente que favorece períodos curtos de permanência em cada projeto (ou posto de trabalho), surge a oportunidade de criar uma rede de contatos em diversas empresas, ampliando o círculo de amizades profissionais, o que gera um outro elemento de grande importância na manutenção da empregabilidade: a network.
Denominamos network o conjunto de pessoas com as quais cruzamos no âmbito profissional (podem ser colegas, chefes, gerentes ou clientes) e com quem mantemos um relacionamento, buscando obter novas oportunidades de trabalho ou prospecção de negócios. Como também fazemos parte da network dessas pessoas (assim como elas fazem parte da nossa), muitas vezes somos nós que proporcionamos oportunidades a elas, e esses favores nunca são esquecidos.
Portanto, uma das providências mais importantes para quem deseja manter sua empregabilidade, é cuidar muito bem de sua network. Isso é importante porque, no âmbito dessa nova realidade, não basta apenas possuir competência profissional, é preciso possuir também bons relacionamentos, que possam auxiliar numa futura recolocação, sempre que isso for necessário. É preciso dedicar tempo e esforço a um “outro trabalho”, de natureza social, que é adquirir amizades (e, se possível, admiração) em seu círculo profissional. Isso poderá representar a diferença entre uma recolocação rápida e um longo período de desemprego.
Nesse contexto, o término de um projeto ou a dispensa de um posto de trabalho não tem mais o peso de uma “demissão”, e sim a conotação de um “remanejamento”, uma vez que você sabe que tem o que oferecer ao mercado e possui ferramentas para se recolocar novamente, em curto espaço de tempo.
Para finalizar, eu elenco abaixo alguns dos principais tópicos que você deve manter em mente, se deseja garantir a sua empregabilidade e, com isso, a estabilidade da sua vida financeira:
Por fim, atente para a qualidade de vida que está obtendo com sua evolução profissional. Sucesso sem qualidade de vida não é realmente uma vitória. Além disso, má qualidade de vida pode gerar problemas de saúde, e problemas de saúde podem afetar sua produtividade e, consequentemente, sua empregabilidade. Portanto, na ânsia de mantê-la, você pode até forçar sua perda.